quinta-feira, 30/07/2020
O diretor do Mestrado Integrado em Medicina explica como
funciona o novo currículo da Escola de Medicina da Universidade do Minho e
quais as suas principais vantagens. E ainda acrescenta: “fazia novamente o
curso de bom grado”.
Quando a Escola de
Medicina (EM) celebra 20 anos, atualizamos o currículo novamente para formar os
médicos do futuro – apontando para os médicos de 2050. Como surge esta
necessidade de reforma?
Nós percebemos que a Medicina e a maneira como os cuidados
de saúde são prestados está a mudar muito rapidamente e que são exigidos aos
médicos, e aos outros profissionais de saúde, novas competências que não
estavam a ser cobertas pela maioria dos cursos de Medicina a nível mundial.
Por isso, pensámos que tínhamos de nos adaptar para começar
a formar médicos com as competências que vão ser necessárias para exercer
medicina no futuro.
Algumas das vantagens
mais em foco é a criação de um ensino mais personalizado e de uma maior
flexibilidade e autonomia ao estudante…
Por um lado, nós percebemos que uma das principais
competências necessárias à medicina do futuro é uma grande capacidade de
adaptação e flexibilidade. E mais do que dar os conhecimentos, sem descurar
essa componente, é importante incentivarmos a capacidade de raciocínio e de
compreender os problemas e de os resolver.
Por isso também percebemos que além de oferecermos novas
competências, o modo como ensinamos também tem de ser adaptado para podermos
corresponder. O próprio processo de ensino é focado num acompanhamento mais
personalizado de cada estudante, com grande flexibilidade. Isto traz outras
vantagens, já que cada aluno vai poder desenhar o seu percurso de acordo com as
suas preferências, os seus interesses e o seu projeto de carreira. E cada aluno
vai também ser ajudado a perceber isso - porque não é fácil por vezes decidir o
que queremos no futuro. Nós vamos dar formação e acompanhamento aos alunos para
que eles possam desenvolver todo o seu potencial, perceber qual é e
maximizá-lo.
Estas novidades
também são relevantes para um papel mais diversificado dos médicos?
A possibilidade de os estudantes adaptarem o percurso aos
seus interesses e à sua perspetiva de carreira é muito importante também por
esse papel cada vez mais diverso dos médicos no sistema de saúde. Ou seja, os
médicos não são apenas especialistas de uma determinada área. Mas têm papéis
cada vez mais diferenciados, como na gestão ou nas tecnologias para a saúde.
E por isto, nós começámos a incorporar, no trajeto
tradicional de medicina, percursos diversos que incluem majors e minors que nós desenvolvemos com a economia, a gestão ou a
programação.
É uma vantagem por alargar bastante o espetro de formação
que os nossos estudantes vão ter no seu futuro profissional e também conseguem
ocupar outras posições nos cuidados de saúde, para as quais os médicos vão ser
cada vez mais requisitados.
Voltando ao início do
processo de construção do MinhoMD, uma das grandes virtudes foi a capacidade de
juntar toda a comunidade interna e externa. Qual é a importância disso para a
forma como está desenhada e também para a forma como corresponde às expetativas
dos alunos?
Este currículo foi desenhado com a participação de muitas
pessoas de várias sensibilidades e de várias áreas. Foram ouvidos não só os
docentes da casa, mas também os alunos, antigos alunos, funcionários,
responsáveis das administrações de hospitais e centros de saúde, parceiros,
associações de doentes, e muitos outros.
E, portanto, é um currículo desenhado tendo por base a
opinião de diversas sensibilidades e contextos, e que não só pretende dar
resposta ao que é necessário por parte do sistema de saúde e dos doentes, mas
também responde de maneira muito concreta a um conjunto de problemas e anseios
levantados por alunos e antigos alunos.
Uma das grandes preocupações que nós temos, por exemplo, é o
bem-estar do aluno. Promovemos o seu bem-estar emocional, temos um horário
adaptado ao estilo de vida dos estudantes e ao seu ritmo.
Por último, este era
o curso que gostava de ter feito quando se formou em Medicina?
[risos] Sem dúvida. Eu posso dizer que, de bom grado,
voltava a fazer o curso de Medicina.