terça-feira, 27/04/2021
O projeto de Pedro
Morgado, investigador do ICVS da Escola de Medicina da Universidade do Minho, é
o primeiro galardoado com o FLAD Science Award Mental Health, que dedica 300
mil euros para investigação clínica em saúde mental.
Melhorar
o diagnóstico, a predição no tratamento e encontrar novas soluções para a
doença obsessivo-compulsiva. É este o intuito do projeto vencedor do primeiro
FLAD Science Award Mental Health, que financia em 300 mil euros a investigação
clínica na área da saúde mental. O projeto de Pedro Morgado, também psiquiatra
no Hospital de Braga, foca-se na caracterização da estrutura e função cerebrais
do cérebro na doença obsessivo-compulsiva, pretendendo ainda encontrar
possíveis preditores para os resultados de um dado tratamento.
Dado
que aproximadamente 50% dos pacientes com doença obsessiva-compulsiva têm
resistência aos tratamentos de primeira linha (antidepressivos serotoninérgicos
e psicoterapia), “esta identificação é essencial para selecionar de forma mais
eficaz uma intervenção mais personalizada para um determinado paciente, o que
permitirá ganhar tempo no tratamento”, garante Pedro Morgado, investigador da
Escola de Medicina da Universidade do Minho, que conta com Emily Stern,
investigadora e professora da Universidade de Nova Iorque como parceira no
projeto.
Numa
segunda fase, o projeto procura explorar os benefícios da utilização de um
fármaco dopaminérgico (pramipexole) no tratamento das pessoas com doença
obsessivo-compulsiva que não respondem aos tratamentos convencionais. A utilização
deste medicamento é suportada por estudos pré-clínicos realizados em modelos
animais no ICVS, instituto de investigação da Escola de Medicina da
Universidade do Minho, e também em ensaios clínicos breves realizados
internacionalmente. O ensaio clínico que será realizado no Centro Clínico
Académico de Braga, sediado no Hospital de Braga, permitirá perceber a
utilidade e segurança deste novo medicamento que poderá trazer uma nova
esperança ao tratamento da doença obsessivo-compulsiva.
Sobre a doença
A perturbação obsessivo-compulsiva, que afeta 1 a 4% da população, inicia-se
frequentemente entre a infância e o início da idade adulta e atinge pessoas de
todas as idades. Caracteriza-se pela presença de obsessões (pensamentos
recorrentes, intrusivos e contrários à natureza e à vontade da pessoa que geram
intensa ansiedade e sofrimento) e compulsões (comportamentos repetidos
constantemente para aliviar o sofrimento gerado pelas obsessões). A doença pode
ser altamente incapacitante, visto que as pessoas são dominadas por pensamentos
que aparecem na sua mente e que geram intensa ansiedade e sofrimento, podendo
repetir-se centenas de vezes durante uma hora.
Sobre o prémio
É um
apoio inédito a jovens investigadores em Portugal para desenvolverem novas
linhas de investigação clínica em Saúde Mental, desde a prevenção até ao
tratamento e à reabilitação. O objetivo da FLAD é contribuir para a qualidade
de vida dos pacientes que sofrem de perturbações mentais, numa época em que as
necessidades em torno da Saúde Mental são ainda mais evidentes.
Esta
iniciativa, que será renovada todos anos, tem o reconhecimento da Ministra da
Saúde, Marta Temido, da Organização Mundial de Saúde e do Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Direitos Humanos.