quinta-feira, 14/09/2017
Um grupo de investigadores do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) demonstrou a importância dos astrócitos, um dos tipos de células mais numerosos do cérebro, na comunicação entre várias regiões do cérebro que são relevantes para a cognição.
Apesar de
sabermos que os astrócitos são importantes
para a manutenção do funcionamento das redes neuronais, pouco
ou nada se sabia sobre a sua influência nos processos cognitivos, como a
aprendizagem ou a memória.
O objetivo da equipa de investigação foi perceber a relevância da
comunicação astrócito-neurónio nos processos cognitivos. Para isso, estudaram a função
cognitiva num modelo de ratinho com astrócitos geneticamente impedidos de
libertar moléculas de sinalização, ou seja, de comunicar com os
neurónios.
Os resultados deste estudo foram publicados esta semana na revista GLIA e
mostram que, na ausência de
comunicação astrócito-neurónio, as redes neuronais responsáveis
por computação cognitiva estão dessincronizadas.
Revelaram também um défice substancial em funções cognitivas como a aprendizagem
e a consolidação da
memória, o que prova que os astrócitos têm um papel essencial neste tipo de
funções do cérebro.
A investigação agora publicada pode vir a alterar significativamente os
livros de texto de fisiologia e abre portas ao tratamento de doenças
psiquiátricas caracterizadas pelo
desenvolvimento de défices cognitivos. No futuro, os investigadores pretendem
perceber as propriedades temporais e espaciais da comunicação entre astrócitos
e neurónios, por forma a desenvolver novas abordagens terapêuticas para
problemas de aprendizagem e memória.